26 de março de 2015

Pré-venda do CD AEdB

(English below)

ATUALIZAÇÂO:
Realmente o bandcamp não aceita pagamentos de usuários brasileiros, então a pré-venda para o Brasil está disponível na lojinha do selo no facebook.

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A Espiral de Bukowski, duo que iniciei com a Mariana em São Paulo em 2012 e que desde 2013 vem atuando no universo da música experimental, já lançou uma porção de álbuns e já participou em muitas coletâneas (no Brasil e em outros países).
Agora, pela primeira vez, decidimos lançar um disco próprio em formato físico (CD).


O disco chama AEdB e hoje eu fui com a pequena Laura até a fábrica (que fica entre o Autódromo de Interlagos e Santo Amaro, no bairro Socorro) levar os documentos, a master do áudio e os arquivos de arte gráfica, para prensagem e impressão.

A partir de hoje a pré-venda do álbum AEdB está disponível em https://ob-w.bandcamp.com/album/aedb.
Tanto na versão física (CD) quanto na versão digital (em formatos de alta qualidade).
Na pré-venda do bandcamp o valor é mais baixo do que será o preço praticado quando o disco for lançado.


Para esquentar, neste final de semana tocaremos em dois lugares de que gostamos muito aqui em São Paulo. São eventos em que A Espiral de Bukowski convida outros músicos para sessões de improviso.
Sábado A Espiral de Bukowski convida Alvaro Daguer (da banda chilena A Full Cosmic Sound), Joel Whitworth (músico de Manchester), Auto Solidão e Rumbo Reverso. Mais infos aqui: https://www.facebook.com/events/434691676697675/
E domingo A Espiral de Bukowski convida Alvaro Daguer, Joel Whitworth, Leandro Archela (Holofonica) e Al Revés (Bruno Hiss e Rodrigo Dario). Mais infos aqui: https://www.facebook.com/events/958936747452252/


Entre o final de abril e maio teremos os shows de lançamento do AEdB.

A partir do dia primeiro de abril a pré-venda começa no iTunes (aqui: https://itunes.apple.com/us/album/aedb/id974731609) e demais lojas virtuais.

Sim, sabemos que no Brasil o download ilegal é bem difuso e que a grande maioria dos brasileiros, quando vai ao bandcamp, acaba baixando somente quando é grátis...

De todo o pouco que recebo de royalties (streaming e download) com os discos lançados no selo O Bosque/Woodland, quase tudo vem de fora do Brasil (no gráfico de países de procedência, que o distribuidor disponibiliza, o Brasil nem aparece)...

Mesmo assim AEdB está lá à disposição pra ser pré-vendido para todo e qualquer amante de música experimental.
;-)



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A Espiral de Bukowski is a duo I have formed with Mariana in São Paulo in 2012 and that since 2013 has been working in the experimental music universe, having released a lot of albums and participated in many compilations (in Brazil and other countries).
Now, for the first time, we've decided to release our first full album in a physical format (CD).

The record is called AEDB and today little Laura and I went to the factory (south of São Paulo) to consign the documents, audio master and graphic files, for pressing and printing.

As of today the pre-order of the album AEDB is available on https://ob-w.bandcamp.com/album/aedb.
Both in the physical version (CD) and digital version (in high-quality formats).
During the pre-order on bandcamp the value is lower than what will be the price once the album is released.

To warm up, this weekend A Espiral de Bukowski will play at two venues we enjoy here in São Paulo. They're events where A Espiral de Bukowski invites other musicians (from Brasil and abroad) for impromptu sessions.

From the last week of April to the first week of May we will have release shows in São Paulo to celebrate and promote the album AEDB.

As of the first day of April the pre-order to AEdB starts on iTunes and other online stores.
;-)

15 de março de 2015

E agora, Dilma?

A presidenta faz pronunciamento e os descontentes vão às suas sacadas - durante o pronunciamento - e batem panelas e bradam xingamentos à presidenta e ao PT...
Hoje "um milhão" de pessoas saíram às ruas (hehe, a verdade é que foram 200 mil mais ou menos), em teoria para combater a corrupção mas na prática para deixar mais claro ainda que eles querem apenas o extermínio do PT, e quando o governo vai responder ao país numa entrevista coletiva, os descontentes voltam às suas sacadas - durante a entrevista - para outro panelaço, batendo panelas e bradando xingamentos à presidenta e ao PT...

Pô, enquanto os descontentes continuarem ignorando qualquer tentativa do governo de aproximação, continuará impossível o diálogo e ficará cada vez mais claro que a questão aqui é mesmo de golpismo.

Hoje ficou claro que Dilma não vai conseguir conciliar essa parcela da população do país em torno de pautas progressistas.
Pelo menos não do jeito que ela vem governando.

Infelizmente um número enorme de pessoas, que não vai se beneficiar em nada com a baderna e o ódio praticados nestes dias, não entende de história nem de política e não quer se informar, são conduzidos com gosto para o caos político que, se exitoso, vai dar em retrocesso.

A grande mídia e a maior parte das elites estão contra o governo e tentando descaradamente semear o ódio buscando o caos.

Mas a maior parte do povo brasileiro votou em Dilma.
Dilma deve botar em prática um programa progressista, em direto contato com o povo, com os movimentos sociais.
Assim que o governo mergulhar de cabeça em campanha pela reforma política e pela regulação econômica da mídia, diretamente com o povo, a base popular não vai amarelar!
Grande parte do congresso nacional não quer mudanças, está aliada aos poderosos que querem manter tudo como sempre foi. O mesmo com o judiciário.

Ou a Dilma parte para governar com o povo brasileiro, ou esses panelaços e essas manifestações "contra a corrupção" (que na verdade são somente contra o PT) vão acabar minando a base popular...

15 de março: "contra o governo e a corrupção"

Na cobertura que a Rede Globo faz hoje, dedicando várias equipes de reportagem e os âncoras nos estúdios de vários programas da grade e também, claro, dedicando um longo tempo de transmissão, precioso, com imagens aéreas e chamadas etc, finalmente tenho uma resposta à pergunta que fiz num outro post meu, aqui, sobre quais seriam os objetivos das manifestações de hoje:
Segundo a Rede Globo, as manifestações seriam em todo o Brasil (mas só mostraram cinco cidades) e seriam manifestações "contra o governo e a corrupção".

Se algum desavisado não tiver acesso à internet e só se informar sobre as manifestações de hoje pela Rede Globo, vai achar que realmente é tudo democrático e que os manifestantes de hoje estariam lutando pela democracia e contra a corrupção...
Não é só a Globo, a Veja parece um mero panfleto da organização da manifestação, com dedicação total, inclusive publicando serviços e "matérias" inusitadas.
A Folha de São Paulo dedicou um "portal" com os muitos links aos textos que o jornal publicou sobre as manifestações.

Engraçado, durante a copa do mundo as mesmas pessoas que, ao invés de demonstrarem orgulho e alegria por termos uma Copa do Mundo no Brasil, vaiaram e xingaram a presidenta, agora vestem camisetas da CBF (justamente numa manifestação que seria contra a corrupção...).
Outra coisa, não consegui encontrar pobres nas manifestações de hoje! Não vi negros também...

Vejo uma ginástica sobre-humana da grande mídia na cobertura das manifestações de hoje, primeiro porque sexta 13, anteontem, houve manifestações em diversas cidades brasileiras, com objetivos democráticos bem definidos (em favor de uma reforma política para combater a corrupção em todas as esferas, defesa da Petrobras contra a privatização e defesa da democracia e dos resultados das eleições livres) e não houve cobertura como acontece hoje.

A grande mídia está tentando passar para seus espectadores as manifestações de hoje como um "vale-a-pena-ver-de-novo" do impeachment de Collor, onde as famílias todas estariam lutando por justiça e por uma causa justa contra a corrupção, sem envolvimento de partidos, quando na verdade é bem diferente.
Os políticos Bolsonaro, Malafaia, Aécio e muitos outros estão sim envolvidos e apoiando as manifestações de hoje. E os partidos que apoiam são investigados por atos de corrupção, veja só.

O escândalo de corrupção do HSBC, que foi exposto devido a um vazamento de documentos do banco na Suíça, mostra que mais de oito mil brasileiros mantiveram contas numeradas no banco. Essas contas são do tipo usado para sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, que são crimes graves de corrupção.
A lista toda ainda não foi divulgada mas alguns nomes já foram divulgados; dentre eles temos pelo menos 22 empresários da grande mídia brasileira.
Sim, essa mesma grande mídia (Globo, Folha, Veja, Band etc) que hoje está fazendo essa cobertura e esse circo para defender as manifestações que estariam combatendo a corrupção...

Mas a seguir divulgo algumas imagens que provam como as manifestações de hoje são na verdade maquiadas para passar uma impressão positiva enganosa, pois as manifestações de hoje são contrárias à democracia.
O que as imagens a seguir deixam bem claro é que as manifestações de hoje defendem a privatização da Petrobras, a proteção da grande mídia, o fim da maioridade penal, o impeachment da presidenta, a volta dos militares, o fim dos programas sociais do governo federal, o extermínio do PT, o fim do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro presidente etc. Além, é claro de muitas ofensas e muitos xingamentos, muitas demonstrações de ódio.

Aqui o objetivo "pacífico"!

Faxina é Reforma Política, Impeachment é golpismo!

Ditadura é o contrário de democracia...

Preferem acabar com a justiça...

Pedem libertação do Brasil com a suástica nazista!!

Deus e os militares de direita...

Militares...

Cristãos da ditadura contra a diversidade...

Querem repetir a história...
Até o Freire...

Espera, quer a ditadura mas é contra genocídio, inacreditável...

Estou tentando conter a risada (afinal é triste)
Esse aqui era meu amigo no caralivro, era.

O nível intelectual e humano hoje


Quer ver mais?
O que não falta é imagem bizarra de hoje...
Veja aqui.
E aqui também.
Ah, tem mais aqui também.
Opa, aqui tem muitas!!!!

13 de março de 2015

Seletiva

Você aí que vai comparecer à manifestação na Paulista no domingo contra a corrupção, você não tem mesmo a mínima curiosidade para saber quando é que os organizadores e incentivadores da citada manifestação (Revoltados Online, Movimento Brasil Livre (MBL), PSDB, Lobão, Roger, Veja, Globo etc) vão marcar a manifestação bradando "FORA ALCKMIN"??!?!?!?
Ou "FORA RICHA", ou "FORA todos os responsáveis por todos os outros escândalos de corrupção espalhados pelo Brasil"...

Os expoentes do PSDB querem sim privatizar a Petrobras, é um fato, basta ver as declarações deles.
Eu exijo rigor e firmeza nas investigações relativas ao escândalo de corrupção na Petrobras e que assim seja para todos os demais escândalos de corrupção (seja ela estatal ou privada, milionária ou não), mas acredito na recuperação da empresa sem a privatização, combatendo a corrupção.

O que é preciso para combater a corrupção é acabar com a impunidade e investir (e não falo apenas em dinheiro) na formação de uma sociedade menos corrupta em geral (não apenas num partido).
Ou seja, o caminho é educação, consciência e respeito (aos demais e às leis).

A corrupção na Petrobras vem acontecendo da mesma forma faz décadas. Boechat ganhou o prêmio Esso de jornalismo denunciando a corrupção na Petrobras na década de 90, Outros jornalistas já denunciam a corrupção na Petrobras desde os anos 80 e nunca foi investigado até agora.

A impunidade e a indignação seletiva que poderosos corruptos (políticos, empresários, empreiteiros, banqueiros etc) articulam, protegem seus interesses (que obviamente são diferentes dos interesses de 99% da população honesta brasileira), então acabam pegando um bode expiatório de tempos em tempos (geralmente quem justamente estaria disposto a mudar o sistema: Jango, Dilma) e fazem de tudo para botar esse bode expiatório pra fora, para assim agradar o grande público, fingindo uma limpeza, e assim continuar a mesma situação de sempre, sem mudanças profundas, com corrupção em todos os poderes e em todos os níveis...

Mesmo eu não sendo partidário do PT (sou de esquerda sim, mas não petista), acho que consigo dizer quais são os objetivos da manifestação de hoje: a manifestação de hoje é pela reforma política (para melhorar o sistema e combater toda e qualquer corrupção), em defesa da Petrobras (contra a especulação e a campanha dos contrários à empresa estatal visando a privatização) e também em defesa da democracia (o governo Dilma já teve acertos e erros, mas foi democraticamente eleito e a presidenta deve ser cobrada e respeitada na mesma medida; estão desestabilizando a democracia brasileira, tentando tirar na marra um governo eleito legitimamente).

Você, que defende os objetivos da manifestação do dia 15, pode me dizer quais são?
Eu já perguntei para diversas pessoas em locais distintos e ainda não tive uma resposta simples e direta com objetivos bem definidos (como eu fiz em relação à manifestação de hoje)...
Assim que pergunto, eles silenciam.

Incrível, é mesmo a tal da indignação seletiva.

Apesar dos pesares, podemos mais!

São tantos os episódios em que intolerância, truculência, agressividade, violência e ódio tomam conta das relações entre seres (que deveriam ser) humanos nos dias de hoje, que quando acontece algo bom, eu me sinto no dever de escrever a respeito!

Já decidi que meu próximo texto político será sobre a violência, sobre a intolerância e o ódio, mas aqui estou para escrever sobre como meu dia de hoje me presenteou com episódios positivos, daqueles que despertam o lado bom das pessoas, que transmitem paz de espírito e esperança de dias melhores.


Antes de mais nada, claro, minha filha Laura, que dia após dia recarrega a minha bateria e de minha amada Mariana, com toda pureza, alegria e vivacidade que toda pequenina amada, cuidada/orientada e respeitada pode ter e distribuir.

Saímos de casa, na Luz, eu e a pequena Laura no carrinho, para retirar do lado do Sesc Consolação a camiseta que o amigo Cícero fez pra mim.


Eu vinha procurando uma camiseta com essa estampa fazia um tempão e graças ao Cícero agora eu finalmente tenho uma camiseta com a capa do primeiro álbum do Kraftwerk (de que gosto tanto!!!).
Essa camiseta se tornará minha segunda pele, como assim o foi minha camiseta do King Tubby (que continuei vestindo até que ela rasgou de tanto uso).
O melhor é que o Cícero pinta as camisetas à mão, uma a uma, artesanalmente!
Valeu amigo, logo vou encomendar outra camiseta com você!
Aqui a página dele: https://www.facebook.com/LoFiTshirts.

De lá eu e Laura fomos até a Consolação para tomar um taxi até o MASP pois estávamos atrasados.
Vários taxis vazios passando, trânsito intenso mas fluindo, eu dando sinal e ninguém parando, até que, durante um semáforo vermelho, uma mulher abre o vidro do seu carro, diz que viu como eu dei sinal e o taxi não parou, e nos oferece carona.
Eu agradeço e aceito.

Chegando no MASP, eu e a pequena Laura encontramos nossa amada Mariana, que estava trabalhando no evento do Prêmio Itaú-Unicef, e para terminar bem o dia tive e oportunidade de assistir à palestra do professor Miguel Arroyo, que citou Paulo Freire defendendo a aprendizagem transformadora.


Que amanhã a manifestação na Paulista em favor da reforma política e contra o golpismo possa correr bem, pacificamente. Sem truculência da polícia, sem vandalismo e sem provocações.
Que no domingo a manifestação golpista também possa correr pacificamente, sem vandalismo e sem provocações (pois sem truculência da polícia eu tenho a impressão que já está garantido).

Sim, a sociedade brasileira está numa encruzilhada e a situação é crítica.
Mas mesmo assim não devemos perder a esperança!
: )


12 de março de 2015

Fora!

O ódio ao PT faz mal ao PT, sim, mas também faz mal a quem o sente, e não resolve os problemas da nossa sociedade (que vão muito além do PT e do ódio ao PT), pelo contrário, sufoca a esperança de dias melhores e ameaça a democracia que demoramos tanto para começar a construir.

O Brasil está em crise, sim, mas o ódio e o golpismo nunca serão a solução (basta ver a história de nosso país nesses pouco mais de 500 anos).

Ao invés de apoiar um movimento que em teoria luta contra a corrupção mas que na prática foi idealizado por quem quer exterminar o PT para que o sistema continue terreno fértil para a corrupção impune dos demais, precisamos aceitar a vontade da maioria dos eleitores, que em 2014 reelegeram Dilma presidenta, e aproveitar que este governo está disposto a discutir com a população sobre reformas que seriam fundamentais para a melhoria do sistema (reforma política, regulação econômica da mídia, reforma fiscal etc).

Numa democracia é assim: quem não está satisfeito, que prepare um programa melhor para o país e se prepare para vencer as próximas eleições.

Fora ódio, fora golpismo!

Legítimo o quê?

Um amigo (nos conhecemos faz um tempão, em 1991) postou isso aqui no facebook ontem:
"Num momento de profunda mediocridade política e econômica como o atual, transformar o legítimo descontentamento de mais da metade da população numa pauta banal e elitista é um ato de cinismo, digno da pequenez dos bobos da corte." (Rodrigo da Silva)

Meu comentário:
"Mais da metade? Querem quantos turnos em eleição vencida pelo PT?
O problema é o sistema em geral, não adianta culpar esse ou aquele político ou esse ou aquele partido...
Vou além, o problema da corrupção não se limita aos 3 poderes, é endêmico, aliás a corrupção que agora começamos a ver com os escândalos envolvendo governos e empresários, já ataca há muitos anos (séculos!) a sociedade como um todo...
Esse pessoal pedindo a volta dos militares e/ou impeachment (mas só da Dilma) e batendo panela bradando "fora pt", destina toda sua indignação apenas para um partido e esquece todos os outros partidos e esquece os outros poderes, sejam institucionalizados ou não (judiciário, mídia, sistema financeiro etc) e pior, esquece que a grande maioria das pessoas comete atos de corrupção no dia-a-dia...
Este governo está disposto a discutir reformas que poderão ajudar a melhorar o sistema como um todo (reforma política, regulação econômica da mídia etc), ao invés de bater panela e xingar etc, façamos as reformas e na próxima eleição votemos melhor."

;-)

10 de março de 2015

Excluir não ajuda

Quando eu saí do Brasil, em 2004, para morar na Italia, percebi muitas diferenças culturais e sociais; estranhei algumas coisas, comemorei outras e acabei me integrando.

Voltei a morar no Brasil em 2011 depois de ter morado 7 anos na Europa e uma vez mais senti diferenças culturais e sociais.
Foi estranho, ao chegar de volta ao Brasil, me sentir ao mesmo tempo familiar e deslocado na cidade onde nasci e cresci.
São Paulo e seus habitantes me pareciam diferentes da imagem que eu tinha deles antes de sair do Brasil - ou eles realmente mudaram ou minha imagem não era fiel à realidade; com o tempo fui percebendo que na verdade eu tinha mudado e eles tinham mudado também, mas eu mudei lá e eles mudaram aqui.

Percebi que enquanto eu estive fora, vivenciei coisas que meus familiares e amigos não vivenciaram e vice-versa.
Provavelmente por isso minha dificuldade em contar os vários episódios pelos quais passei fora do Brasil, pois quase sempre as pessoas não demonstravam interesse e a impressão que tenho é que me acham metido quando tento contar sobre minha vivência fora do Brasil. E isso causa desconforto para ambas as partes, seja lá o que for.
Então passei a não entrar em qualquer assunto onde eu pudesse sentir vontade de contar o que me aconteceu enquanto morei fora.

Faz quase 4 anos que venho nesse processo de inconscientemente esquecer de (ou varrer para debaixo do tapete mental) um período de 7 anos da minha vida, um período importante em que eu tive que descobrir muitas coisas e pude vivenciar coisas novas.
Mas para resolver isso eu decidi escrever.
Espero que este post aqui seja apenas o começo de uma série de textos sobre meus dias nesse período em que vivi fora do Brasil.

Quando eu fui morar fora do Brasil estávamos no meio do primeiro mandato de Lula e quando voltei estávamos no começo do primeiro mandato de Dilma.
Dos 12 anos de governo federal do PT, eu peguei os 2 primeiros e os 4 mais recentes, ou seja, metade.
Em relação ao governo do estado nada mudou, afinal o PSDB governa faz mais de 20 anos sozinho.

Enquanto eu morei fora eu pude perceber como a imagem do Brasil melhorou no exterior. Com todos os estrangeiros com quem eu conversava, e foram 7 anos convivendo com estrangeiros, de tudo que eu escutava e via sobre o Brasil, quase tudo era positivo. Era incrível mesmo.
Quando eu voltei a viver no Brasil percebi que a situação econômica do país melhorou e que a situação financeira do brasileiro médio também melhorou. Não é que agora o Brasil tenha se tornado primeiro mundo e que não existam problemas etc, nada disso, estou apenas dizendo que comparando, melhorou sim.

Muitos brasileiros que antes não tinham oportunidades hoje moram em suas casas próprias e dirigem seus próprios carros (mesmo que financiados), conseguem concluir um curso universitário e contam com acesso a produtos e serviços que antes de sair do Brasil eu só via pessoas das classes mais altas tendo acesso.

Outra coisa que notei ao voltar ao Brasil é que o cidadão médio se tornou incrivelmente mais exigente e rigoroso.
Hoje vejo muito mais reclamação do que elogio, muito mais rancor do que alegria, muito mais indignação do que tolerância nas relações sociais e na convivência diária.

Antes de sair do Brasil eu não conhecia todas as regiões do meu país, ao retornar - depois de ter tido a oportunidade de conhecer 48 países, decidi que precisava conhecer todas as regiões do meu país.
E nesses últimos anos, sempre que possível, visitei diversos estados como por exemplo Acre, Amazonas, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima etc.
Hoje posso dizer que já visitei a maior parte dos estados do meu país e tenho orgulho disso.

Percebi que a maior parte dos paulistas acha que São Paulo representa o Brasil e que suas vontades e seus critérios são mais importantes do que qualquer coisa que os outros brasileiros possam querer. Afinal é o estado mais rico...


Até o estouro das manifestações de junho de 2013 eu não conversava sobre a situação política do Brasil atual e nem sentia muita vontade de me informar a respeito.
Desde então venho cada vez mais lendo e me informando a respeito e desde o período de campanha para as eleições últimas, venho inclusive escrevendo a respeito.

Meu último texto, sobre a imprensa e os papéis da mídia no Brasil, foi publicado no ótimo website Pragmatismo Político, assim como outros 3 textos já tinham sido publicados antes, e a repercussão desse texto vem sendo positiva demais, o que me deixou muito contente.
Quase sempre tem gente que vai até a publicação ou ao post do facebook para comentar contra, o que na minha opinião é natural e saudável, mas muitas vezes percebo que tem gente que vai comentar sem querer discutir nem refletir e comenta apenas para brigar, para xingar, para direcionar a intolerância, a indignação seletiva e em muitos casos o ódio que sentem.

Foi num desses comentários que vi um link para um texto em outro website.
Fui até o website e li o texto todo. O texto supostamente apresenta uma série de argumentos refutando qualquer motivo para a discussão com finalidade à regulação econômica da mídia no Brasil. O texto diz que qualquer tentativa de regular economicamente a mídia nada mais é que censura e que a liberdade de expressão no Brasil estaria ameaçada pela "ditadura bolivariana petista".

Achei curioso que, ao contrário dos meus posts e textos publicados, onde há comentários a favor e contrários também, ali não havia um único comentário contrário, somente comentários cheios de ódio, bradando contra a corrupção patralha e a favor do extermínio do PT etc.
Minha primeira reação foi sair do website. Saí e fiquei me remoendo, inconformado com tanta intolerância e violência verbal.
Acabei voltando e deixando um comentário. Deixei um comentário argumentando sobre o texto dele e deixando um link para o meu texto. Escrevi de modo a deixar claro meu ponto de vista mas não fui grosseiro nem agressivo.

Hoje, dias depois, voltei lá e vi que meu comentário foi excluído.
Sim, ali só há comentários favoráveis ao texto porque os comentários contrários são excluídos.
É esse tipo de conduta que os milhões de paulistas reacionários estão tentando impor aos demais brasileiros.

Dilma foi reeleita presidenta com os votos válidos da maioria dos eleitores brasileiros, assim como Alckmin foi reeleito governador de SP inclusive no primeiro turno (com votação recorde e sem ter sequer apresentado programa de governo).
Ambos já tiveram erros e acertos e até agora nenhum dos dois teve algum crime provado contra si para se justificar um impeachment.
E, principalmente, ambos contam com oposições que lutam para conquistar o poder no lugar deles.

Mas enquanto boa parte da oposição ao Alckmin denuncia o que entende ser uma série de desmandos e mesmo crimes, boa parte da oposição à Dilma, além de denunciar o que entende ser uma série de desmandos e mesmo crimes, também xinga, demonstra ódio, quer a volta do regime militar, quer impor um impeachment mesmo sem legitimidade, organiza manifestações contra a corrupção que são apenas contra o PT...

Quando num texto um reacionário ataca o PT e diz que a regulação econômica da mídia é censura e que seria uma tentativa da ditadura bolivariana do PT de tomar ou manter o poder, e o governo do PT não persegue o autor desse texto, isso é liberdade de expressão. Mas quando esse mesmo reacionário exclui todo e qualquer comentário que não seja de acordo com o que ele quer (mesmo um comentário em nada ofensivo), fica claramente demonstrada a incoerência dele.
Outra coisa, demonstração de ódio não é liberdade de expressão, é crime.

É simbólico hoje no Brasil, sabe, isso de parte dos paulistas tentar acabar com a diversidade, tentando forçar todos a serem do jeito que a parte deles da sociedade quer, essa vontade que o reacionário tem de excluir o próximo que não esteja de acordo com o que ele acha justo, de excluir o direito do próximo participar e de ser como bem queira sem prejudicar quem quer que seja.


6 de março de 2015

Uma Nova Teoria da Vida da Física

Escrito por: Natalie Wolchover
22 de janeiro de 2014
Publicado por: Quanta Magazine (https://www.quantamagazine.org/20140122-a-new-physics-theory-of-life/)
Traduzido por: Cesar Zanin
5 de março de 2015


Jeremy England, um físico de 31 anos de idade, no MIT, pensa ter encontrado a física subjacente que impulsiona a origem e a evolução da vida.


Por que a vida existe?

Hipóteses populares atribuem uma sopa primordial, um relâmpago e um golpe de sorte colossal. Mas se uma nova teoria provocativa estiver correta, a sorte pode ter pouco a ver com isso. Em vez disso, de acordo com o físico que está propondo a ideia, a origem e evolução subsequente da vida decorrem das leis fundamentais da natureza e "devem ser tão facilmente explicáveis quanto pedras rolando ladeira abaixo."

Do ponto de vista da física, há uma diferença essencial entre os seres vivos e aglomerados inanimados de átomos de carbono: Os seres vivos tendem a ser muito melhores em capturar energia a partir de seu ambiente e dissipar essa energia na forma de calor. Jeremy England, um professor de 31 anos de idade, assistente no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), deduziu uma fórmula matemática que explicaria essa capacidade. A fórmula, baseada na física estabelecida, indica que quando um grupo de átomos é acionado por uma fonte externa de energia (como o sol ou combustíveis químicos) e rodeado por um banho de calor (como o oceano ou a atmosfera), frequentemente esse grupo vai se reestruturar gradualmente a fim de dissipar cada vez mais energia. Isto poderia significar que, sob certas condições, a matéria inexoravelmente adquire o atributo físico chave associado à vida.

"Você começa com um punhado aleatório de átomos e se você brilhar a luz sobre ele por tempo suficiente, não deve ser tão surpreendente que você obtenha uma planta", disse England.


 As células do musgo Plagiomnium affine com cloroplastos visíveis, organelas que realizam fotossíntese capturando a luz solar.

A teoria de England está na base da teoria da evolução de Darwin pela seleção natural, que fornece uma descrição poderosa de vida a nível de genes e de populações. "Eu certamente não estou dizendo que as ideias darwinistas estão erradas", ele explicou. "Pelo contrário, estou apenas dizendo que a partir da perspectiva da física, você pode nomear a evolução darwiniana como um caso especial de um fenômeno mais geral."

Sua ideia, detalhada em um artigo recente e ampliada em uma palestra que ele está ministrando em universidades ao redor do mundo, gerou polêmica entre seus colegas, que a veem como um avanço fraco ou então potencial, ou ambos.

England deu "um passo muito corajoso e muito importante", disse Alexander Grosberg, professor de física na Universidade de Nova York que tem acompanhado o trabalho de England desde seus estágios iniciais. A "grande esperança" é que ele tenha identificado o princípio físico básico de condução da origem e da evolução da vida, disse Grosberg.

"Jeremy é o mais brilhante jovem cientista com quem eu já me deparei", disse Attila Szabo, um biofísico no Laboratório de Físico-Química do Instituto Nacional de Saúde, que se correspondeu com England sobre sua teoria após conhecê-lo em uma conferência. "Fiquei impressionado com a originalidade das ideias."

Outros, como Eugene Shakhnovich, um professor de química, biologia química e biofísica da Universidade de Harvard, ainda não estão convencidos. "As ideias de Jeremy são interessantes e potencialmente promissoras, mas neste momento são extremamente especulativas, especialmente quando aplicadas ao fenômenos da vida", disse Shakhnovich.

Os resultados teóricos de England são geralmente considerados válidos. É a sua interpretação - que sua fórmula representa a força motriz por trás de uma classe de fenômenos na natureza, que inclui a vida - que ainda não foi provada. Mas já, há ideias sobre como testar essa interpretação no laboratório.

"Ele está tentando algo radicalmente diferente", disse Mara Prentiss, uma professora de física na Universidade de Harvard que está contemplando tal experimento depois de conhecer o trabalho de England. "Sob um prisma de organização, acho que ele teve uma ideia fabulosa. Certo ou errado, vai valer muito a pena investigar."

No coração da ideia de England está a segunda lei da termodinâmica, também conhecida como a lei da entropia crescente ou a “flecha do tempo”. As coisas quentes esfriam, o gás se difunde pelo ar, ovos mexidos nunca voltam a ser ovos inteiros; em suma, a energia tende a se dispersar ou se espalhar com o tempo. A entropia é uma medida dessa tendência, quantificando como a energia é dispersa entre as partículas num sistema, e como estas partículas são difusas por todo o espaço. Ela aumenta como uma simples questão de probabilidade: Há mais maneiras da energia ser espalhada do que ser concentrada. Assim, enquanto as partículas num sistema se movimentam e interagem, elas irão, através de puro acaso, adotar configurações em que a energia é espalhada. Enfim o sistema chega a um estado de máxima entropia chamado "equilíbrio termodinâmico", em que a energia é distribuída uniformemente. Uma xícara de café e o cômodo em que ela está acabam com a mesma temperatura, por exemplo. Contanto que a xícara e o cômodo sejam deixados pra trás, este processo é irreversível. O café nunca aquece espontaneamente de novo porque as chances são esmagadoramente contra a possibilidade de muita da energia do quarto se concentrarem aleatoriamente nos átomos do café.


Uma simulação de computador feita por Jeremy England e colegas mostra um sistema de partículas confinadas no interior de um fluido viscoso no qual as partículas turquesas são impulsionadas por uma força oscilante. Ao longo do tempo (de cima para baixo) a força desencadeia a formação de mais ligações entre as partículas.

Embora a entropia deva aumentar ao longo do tempo em um sistema "fechado" ou isolado, um sistema "aberto" pode manter sua entropia baixa - isto é, a energia dividida desigualmente entre seus átomos - aumentando bastante a entropia do seu entorno. Em sua influente monografia de 1944  "O que é a vida?", o eminente físico quântico Erwin Schrödinger argumentou que isso é o que os seres vivos tem de fazer. Uma planta, por exemplo, absorve a luz solar extremamente enérgica, usa para construir açúcares, e ejeta luz infravermelha, uma forma de energia muito menos concentrada. A entropia total do universo aumenta durante a fotossíntese enquanto a luz solar se dissipa, mesmo quando a planta se previne da decomposição através da manutenção de uma estrutura interna ordenada.

A vida não viola a segunda lei da termodinâmica, mas até recentemente, os físicos não foram capazes de usar a termodinâmica para explicar porque ela deve surgir em primeiro lugar. Nos tempos de Schrödinger, era possível resolver as equações da termodinâmica somente para sistemas fechados em equilíbrio. Na década de 60, o físico belga Ilya Prigogine fez progressos em predizer o comportamento de sistemas abertos fracamente impulsionados por fontes de energia externas (pelo qual ganhou o Prêmio Nobel em Química de 1977). Mas o comportamento de sistemas que estão longe do equilíbrio, que estão ligados ao ambiente externo e fortemente impulsionado por fontes externas de energia, não podia ser previsto.

Esta situação mudou no final dos anos 90, devido principalmente ao trabalho de Chris Jarzynski, hoje na Universidade de Maryland, e Gavin Crooks, hoje no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley. Jarzynski e Crooks mostraram que a entropia produzida por um processo termodinâmico, como o resfriamento de uma xícara de café, corresponde a uma razão simples: a probabilidade de que átomos sofram esse processo dividido pela probabilidade de sofrer o processo inverso (isto é, interagindo espontaneamente de tal modo que o café aqueça). Com o aumento da produção de entropia, assim acontece essa relação: "Irreversível". Essa fórmula, simples mas rigorosa, poderia ser aplicada, a princípio, a qualquer processo termodinâmico, não importa o quão rápido ou longe do equilíbrio. "Nossa compreensão da mecânica estatística do longe-do-equilíbrio melhorou muito", disse Grosberg. England, que é formado em ambos bioquímica e física, iniciou seu próprio laboratório no MIT há dois anos e decidiu aplicar o novo conhecimento da física estatística para a biologia.

Usando a formulação de Jarzynski e Crooks, ele obteve uma generalização da segunda lei da termodinâmica que vale para sistemas de partículas com determinadas características: Os sistemas são fortemente impulsionados por uma fonte de energia externa, como uma onda eletromagnética, e eles podem despejar calor em um banho no entorno. Esta classe de sistemas inclui todas as coisas vivas. England então determinou quanto tais sistemas tendem a evoluir ao longo do tempo enquanto aumentam a sua irreversibilidade. "Podemos mostrar de maneira muito simples, a partir da fórmula, que os resultados evolutivos mais prováveis serão aqueles que absorveram e dissiparam mais energia a partir de unidades externas do meio ambiente no caminho para chegar lá", disse ele. A descoberta faz sentido intuitivo: as partículas tendem a dissipar mais energia quando ressoam com uma força motriz, ou se movem na direção em que estão sendo empurradas, e elas estão mais propensas a se mover nessa direção do que em qualquer outra em qualquer momento.

"Isso significa que aglomerados de átomos cercados por um banho em alguma temperatura, como a atmosfera ou o oceano, devem ao longo do tempo se organizarem a ressoar melhor e melhor com as fontes de trabalho mecânico, eletromagnético ou químico em seus ambientes", explicou England.


Aglomerados de esferas auto-replicantes: De acordo com uma nova pesquisa em Harvard, o revestimento das superfícies de microesferas pode levá-las a se moldarem espontaneamente em uma certa estrutura, como um poliedro (vermelho), que então aciona esferas próximas a formar uma estrutura idêntica.

A auto-replicação (ou reprodução, em termos biológicos), o processo que impulsiona a evolução da vida na Terra, é um tal mecanismo pelo qual um sistema pode dissipar uma quantidade crescente de energia ao longo do tempo. Como England coloca, "Uma ótima maneira de dissipar mais é fazer mais cópias de si mesmo." Em um documento de setembro no Jornal de Química Física, ele informou o valor mínimo teórico de dissipação que pode ocorrer durante a auto-replicação de moléculas de RNA e células bacterianas, e mostrou que é muito próximo dos valores reais que esses sistemas dissipam ao replicar. Ele também mostrou que o RNA, o ácido nucleico que muitos cientistas acreditam que serviu como o precursor para a vida baseada em DNA, é um material de construção particularmente barato. Assim que o RNA surgiu, ele argumenta, a sua "tomada darwiniana" provavelmente não foi surpreendente.

A química da sopa primordial, mutações aleatórias, geografia, eventos catastróficos e inúmeros outros fatores têm contribuído para os detalhes da diversidade da flora e fauna da Terra. Mas de acordo com a teoria de England, o princípio subjacente conduzindo todo o processo é a adaptação da matéria orientada para a dissipação.

Este princípio se aplica à matéria inanimada também. "É muito tentador especular sobre quais fenômenos na natureza podemos agora colocar sob esta grande tenda de organização adaptativa ditada pela dissipação", disse England. "Muitos exemplos poderiam estar bem debaixo do nosso nariz, mas porque não temos procurado por eles não nos demos conta deles."

Os cientistas já observaram auto-replicação em sistemas não-vivos. De acordo com uma nova pesquisa liderada por Philip Marcus, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e relatado na revista Physical Review Letters em agosto, vórtices em fluidos turbulentos se replicam espontaneamente por extrair energia de corte no fluido circundante. E em um artigo publicado on-line esta semana no Proceedings of the National Academy of Sciences, Michael Brenner, professor de matemática aplicada e física na Universidade de Harvard, e seus colaboradores, apresentam modelos teóricos e simulações de microestruturas que autorreplicam. Estes aglomerados de microesferas especialmente revestidos dissipam energia ao enlaçar esferas próximas para formar agrupamentos idênticos. "Isto conecta muito ao que Jeremy está dizendo", disse Brenner.

Além de auto-replicação, uma organização estrutural maior é outro meio pelo qual sistemas fortemente impulsionados incrementam sua capacidade de dissipar energia. A planta, por exemplo, é muito melhor em capturar e encaminhar a energia solar através de si mesmo do que um amontoado de átomos de carbono. Assim, England argumenta que, sob certas condições, a matéria vai se auto-organizar espontaneamente. Essa tendência pode ser responsável pela ordem interna dos seres vivos e de muitas estruturas inanimadas também. "Flocos de neve, dunas de areia e vórtices turbulentos têm algo em comum: são estruturas surpreendentemente padronizadas que surgem em sistemas de muitas partículas impulsionados por algum processo de dissipação", disse ele. Condensação, vento e arraste viscoso são os processos relevantes nestes casos particulares.

"Ele está me fazendo pensar que a distinção entre matéria viva a não-viva não é nítida", disse Carl Franck, um físico biológico na Universidade de Cornell, em um e-mail. "Estou especialmente impressionado com este conceito quando se considera sistemas tão pequenos quanto circuitos químicos envolvendo algumas biomoléculas."

A ideia ousada de England provavelmente enfrentará um exame minucioso nos próximos anos. Ele está atualmente executando simulações de computador para testar sua teoria que diz que os sistemas de partículas de adaptam suas estruturas para se tornarem melhores na dissipação de energia. O próximo passo será a realização de experimentos em sistemas vivos.


Se uma nova teoria está correta, a mesma física que identifica como responsável pela origem dos seres vivos poderia explicar a formação de muitas outras estruturas padronizadas na natureza. Flocos de neve, dunas de areia e vórtices de auto-replicação no disco protoplanetário podem então ser exemplos de adaptação orientada à dissipação.

Prentiss, que dirige um laboratório experimental de biofísica em Harvard, diz que a teoria de England poderia ser testada comparando células com mutações diferentes e procurando uma correlação entre a quantidade de energia que as células dissipam e as suas taxas de replicação. "É preciso ter cuidado porque qualquer mutação poderia fazer muitas coisas", disse ela. "Mas se alguém continuou fazendo muitos destes experimentos em sistemas diferentes e se [dissipação e replicação bem sucedida] estão de fato correlacionados, isso iria sugerir que este é o princípio de organização correto."

Brenner disse que espera ligar a teoria de England às suas próprias construções de microesferas e determinar se a teoria prevê corretamente quais os processos de auto-replicação e auto-montagem podem ocorrer - "uma questão fundamental na ciência", disse ele.

Ter um princípio fundamental da vida e da evolução daria aos pesquisadores uma perspectiva mais ampla sobre o surgimento da estrutura e da função nos seres vivos, muitos dos pesquisadores disseram. "A seleção natural não explica certas características", disse Ard Louis, um biofísico da Universidade de Oxford, em um e-mail. Estas características incluem uma alteração hereditária para a expressão do gene chamada metilação, aumenta em complexidade na ausência de seleção natural, e algumas alterações moleculares que Louis estudou recentemente.

Se a abordagem de England resitir a mais testes, poderia liberar ainda mais os biólogos de buscar uma explicação darwinista para cada adaptação e permitir que eles pensem de modo mais geral, em termos de organização orientada para dissipação. Eles podem descobrir, por exemplo, que "a razão pela qual um organismo mostra característica X ao invés de Y pode não ser porque X é mais apto do que Y, mas porque restrições físicas tornam mais fácil para X para evoluir do que para Y evoluir", Louis disse.

"As pessoas muitas vezes ficam presas pensando em problemas individuais", disse Prentiss. Queiramos ou não que as ideias de England venham a ser certas, ela disse, "pensar de forma mais ampla é onde muitas descobertas científicas são feitas."

Emily Cantor contribuiu. Este artigo foi reimpresso em ScientificAmerican.com e BusinessInsider.com.

Correção: Este artigo foi revisado em 22 de janeiro de 2014, para refletir que Ilya Prigogine ganhou o Prêmio Nobel em química, não física.

5 de março de 2015

A Espiral de Bukowski lança EP Quanta mole

Quanta mole (ep), o mais novo lançamento do selo DIY O Bosque/Woodland, d'A Espiral de Bukowski, é um aperitivo até o lançamento do primeiro álbum físico próprio do duo, chamado AEdB (a ser lançado em maio).

Para ver, escutar e baixar, (inclusive) GRÁTIS:
http://woodland.blogspot.com.br/2015/…/quanta-mole-2015.html


Quanta mole (ep) is the newest release by A Espiral de Bukowski from DIY label O Bosque/Woodland and it is a teaser for the duo's first physical full album, called AEdB (to be released in May 2015).

You can see, know about, stream and download Quanta mole, (also) FREE:
http://woodland.blogspot.com.br/2015/…/quanta-mole-2015.html

3 de março de 2015

Dois textos meus em ótimos websites

Dois textos meus foram publicados recentemente na internet.

Um deles chama "A imprensa e o papel das mídias no Brasil" e foi publicado ontem no site Pragmatismo Político.
É um texto sobre política e sobre comunicação e imprensa.



O outro é o texto de estreia da coluna cosmoPOPlitan e foi publicado agora há pouco no site Floga-se.
É um texto sobre música (e política também).