20 de novembro de 2014

A democracia brasileira no século XXI: você prefere participar ou reclamar?

(publicado no site Pragmatismo Político)

No fim do século passado surgiu a doutrina política e econômica chamada neoliberalismo, favorecendo a redução do papel do Estado em parte do mundo, Brasil incluso (com Fernando Henrique Cardoso); os governos que adotaram esse pensamento privatizaram empresas estatais, desregulamentaram e reduziram despesas, buscando o Estado mínimo, onde em nome da liberdade o Estado passa a não ter mais obrigação de controlar a vida dos cidadãos, cabendo então a produção e a promoção do bem-estar aos indivíduos, que competem entre si com base na meritocracia, que destina os indivíduos a classes sociais distintas, aceitando a desigualdade social como natural e apelando para a caridade voluntária para amenizá-la. Esse conceito é uma atualização do pensamento de direita, adaptando o capitalismo, que visa renovar suas justificações, pelos conservadores, que se dizem liberais.

Desde a queda do muro de Berlim e o colapso da União Soviética a esquerda vem se reinventando em todo o mundo, abandonando quaisquer traços que possam servir de ligação com os métodos nefastos utilizados nos regimes comunistas totalitaristas (o último regime comunista totalitário ainda presente no mundo é o da Coreia do Norte).

A esquerda atualiza os preceitos do socialismo para buscar a igualdade social, o reconhecimento de direitos civis, o combate à corrupção e à impunidade e o desenvolvimento solidário, assumindo o bem estar do cidadão como obrigação do estado. Quem defende esses valores é chamado de progressista. Nos últimos anos vários países nas américas e na Europa elegeram governos com orientação progressista, de esquerda. O Brasil é um deles.

Apesar de existirem outros modos de se pensar a política, em nossa sociedade não há organização significativa afora os dois grandes polos supracitados.

O primeiro governo federal brasileiro amplamente considerado de esquerda foi o de João Goulart, que se não contarmos o parlamentarismo forçado pelos militares entre 1961 e 1963, durou cerca de um ano apenas, entre 1963 e 1964, quando um golpe militar tomou o poder do país instaurando uma ditadura militar de direita que durou cerca de 20 anos.

Desde o governo reformista de Goulart, de esquerda, todos os governos federais brasileiros foram de direita.

O Brasil só voltou a ter um governo federal de esquerda em 2003 com a eleição de Lula à presidência. Sim, a partir de 1964 o Brasil teve quase 40 anos de governos de direita e agora vamos entrar no décimo terceiro ano de governos de esquerda.

O PT, de Lula e Dilma, é o maior partido de esquerda do Brasil, nasceu no final da ditadura militar e sempre defendeu a social-democracia, optou pelo consenso através do diálogo ao invés da revolução armada, tanto que é visto por muitos como sendo um partido de centro. O PSOL é o partido de esquerda pura que mais cresce no Brasil hoje, e defende a democracia. O PSDB, de FHC e Aécio, que já foi um partido de centro mas que hoje na prática é de direita, se diz democrático até no nome, assim como o PMDB, que como MDB se opôs à ditadura militar mas atualmente se alia a quem quer que esteja no poder.

O DEM, antigo PFL (que antes foi PDS e antes ainda foi ARENA - o partido da ditadura militar brasileira), é de direita e conservador e se diz democrata, nada mais.

Ou seja, podemos dizer que a democracia é um regime político bem aceito no Brasil, tanto pela esquerda quanto pela direita, certo? Ou melhor, a democracia é o regime político que tanto a esquerda quanto a direita querem e buscam no Brasil, não é mesmo?

Sim e não. Querem e ao mesmo tempo não.

E nem estou me referindo à pertinácia de grande parte dos aspirantes ao poder no Brasil, que historicamente encara mandato eleitoral como concessão vitalícia, apropriando-se do poder de forma egoísta, tratando a coisa pública como privilegio de apenas uma parte dos brasileiros.

Podemos dizer que a igualdade, a liberdade e o Estado de direito foram identificadas como características importantes de qualquer forma de democracia, desde os tempos antigos, mas simplesmente não existe consenso sobre a forma correta de definir a democracia.

Sim, é uma questão espinhosa.


Ok, mas afinal que democracia querem os brasileiros?

Vamos lá, o Brasil é uma república federal presidencialista, de regime democrático-representativo.

Nosso país, que perante a nossa lei é erroneamente chamado de Estado Brasileiro, é uma federação pois é composto de estados dotados de autonomia política (além da Constituição Federal promulgam suas próprias Constituições).

O Federalismo no Brasil a grosso modo segue o modelo dos EUA, porém enquanto os EUA criaram-se porque diferentes entidades queriam ser guiadas por uma autoridade política comum, os Estados Unidos do Brasil tinham por finalidade ganhar autonomia de um Governo Central já estabelecido durante o governo de Dom Pedro II.

Em ordem decrescente, além dos estados, temos também os municípios. Cada um desses três entes é autônomo: União, estados e municípios.

O Estado brasileiro é dividido primordialmente em três esferas de poder: Executivo, Legislativo e Judiciário. Cada um desses três poderes é soberano e independente.

Ao Executivo cabe a atividade administrativa do Estado, a implementação do que determina a lei, atendendo às necessidades da população; ao Judiciário cabe a função de dizer o direito ao caso concreto, pacificando a sociedade, em face da resolução dos conflitos; ao Legislativo cabe a função de produzir leis e fiscaliza-las.

É uma república porque o chefe de estado é eletivo e temporário. É uma república presidencial porque as funções de chefe de Estado e chefe de governo estão reunidas no Presidente da República.

É uma democracia representativa porque o povo exerce sua soberania, indiretamente, elegendo os chefes do poder executivo e os seus representantes nos órgãos legislativos.

Para que o povo exercesse sua soberania de forma plena e permanente, a democracia deveria ser direta, isto é, com consultas públicas para definir todas as decisões a serem tomadas. Infelizmente em qualquer país com as dimensões do Brasil (território continental e população pouco politizada), uma democracia direta poderia provocar muita confusão.

Mas mesmo numa democracia representativa é possível para o povo exercer sua soberania além das eleições, diretamente via plebiscitos, referendos e iniciativas populares.

No Brasil infelizmente a soberania popular se limita às eleições, uma vez eleitos os políticos respondem pelo povo e o povo não participa de quaisquer decisões.

O Poder Executivo é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 76 a 91.

Desde 1891 o exercente do executivo federal é o Presidente da República, sendo também comandante-em-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Os colaboradores que auxiliam o Presidente da República nas tarefas administrativas são os Ministros de Estado. O exercente do executivo estadual é o Governador do Estado, enquanto comandante-em-chefe da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil. Os colaboradores que auxiliam o Governador do Estado são os Secretários de Estado. O exercente do executivo municipal, enquanto comandante-em-chefe da então chamada Guarda Municipal, é o Prefeito. Os colaboradores que auxiliam o Prefeito são os Secretários Municipais.

Das muitas tarefas que devem ser desempenhadas pelo Poder Executivo para garantir a realização do bem comum, é destacada a segurança pública.

A polícia militar (PM) - segundo o conceito usado internacionalmente - é a corporação que exerce o poder de polícia no âmbito interno das forças armadas, garantindo a segurança, a ordem e a lei no seu seio. Geralmente, a sua ação limita-se apenas às instalações e aos membros das forças armadas, mas no Brasil temos um disparate: as polícias militares estaduais desempenham a função de polícia ostensiva, juntamente com a de preservação da ordem pública (com caráter híbrido de policiamento preventivo-repressivo). As PMs no Brasil são um resquício da ditadura militar. Ou seja, ao invés de uma polícia priorizando o bem-estar do cidadão e o cumprimento da lei, não, aqui também temos uma duplicidade: duas polícias - a PM e a polícia civil - que deveriam ser apenas uma, desmilitarizada.

O Judiciário brasileiro é organizado numa estrutura formada por instâncias ou graus de jurisdição, dividida em vários órgãos que funcionam de maneira hierárquica.

A primeira das instâncias é composta pelo Juízo de Direito de uma comarca (divisão do território brasileiro que engloba vários municípios). Cada comarca possui juízes habilitados para julgar as causas civis e penais; e nela também se encontram juízos do Trabalho, Eleitoral e Federal. Se, após a decisão do juiz ou de um Tribunal do Júri, uma das partes do processo não concordar com o resultado e pedir que ele seja reexaminado, a ação poderá ser submetida a uma instância superior.

A segunda instância vai reavaliar a matéria e pode mudar a decisão tomada pelo primeiro juiz. Cada órgão de segunda instância - formada pelos tribunais de Justiça, e pelos tribunais regionais Federal, Eleitoral e do Trabalho - é composto por vários juízes, que formam um colegiado e julgam em conjunto. Os juízes dos tribunais de Justiça são chamados desembargadores; os dos tribunais regionais federais denominam-se desembargadores federais.

Existem ainda os chamados Tribunais Superiores - Tribunal Superior Eleitoral, Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal de Justiça - para os quais é possível recorrer, buscando preservar de forma mediata o interesse das partes.

Por fim, há ainda o Supremo Tribunal Federal.

Ou seja, a decisão do juiz de primeira instância só fica valendo se as partes aceitarem, se não basta empurrar para outra instância e fazer tudo de novo, pois o mesmo processo pode ser avaliado e julgado várias vezes, tomando tempo e dinheiro das partes e onerando os quadros e cofres públicos. Enquanto isso a causa continua em aberto e certamente alguém está sendo prejudicado e alguém está sendo favorecido, pois depois de um prazo determinado por lei, o criminoso não pode mais ser condenado (a isso chamamos de prescrição).

O VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário, que aconteceu em Florianópolis nos dias 10 e 11/11/2014, nos mostra que o numero de ações judiciais à espera de julgamento cresceu em 15% de 2009 a 2013 e que o número de processos não julgados cresceu em 11,86%. Se mantivermos esse ritmo, em 2020 poderemos ter 114 milhões de processos na fila de espera por julgamento. A ineficiência desse sistema sem dúvida resulta em injustiças.

Alguém sabe quanto custa para nosso país esse monte de instâncias?

Nos tribunais de segunda instância tramitam apenas 7% dos processos judiciais em andamento, mas esses tribunais e desembargadores contam proporcionalmente com muito mais funcionários e estrutura que a primeira instância, na qual hoje se localizam 93% dos processos.

E principalmente, quem é que tem condições de se beneficiar recorrendo de instância em instância? O trombadinha executado pela PM na periferia definitivamente não. Corruptores, políticos e corruptos em geral, endinheirados, sim, se beneficiam e continuam livres e cometendo mais crimes. Um exemplo: dos quase 300 deputados e senadores que nesta eleição de outubro de 2014 foram reeleitos para o Parlamento, 73 estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal. Nenhum partido na Câmara, por exemplo, elegeu bancada tão numerosa. Juntos, os reeleitos colecionam cerca de 150 inquéritos e ações penais.

A Operação Lava Jato pode aumentar o número de parlamentares reeleitos sob investigação no Supremo.

Graças à lei no. 12.846, que define como corruptores tanto as pessoas físicas como as pessoas jurídicas (sancionada no final de 2013 e que entrou em vigor em janeiro passado), a operação Lava-Jato, que chega a sua sétima fase, conseguiu efetuar a prisão por corrupção de executivos de grandes empreiteiras, fato inédito no Brasil. A delação premiada, também prevista nesta lei (assim como na lei contra lavagem de dinheiro) beneficia as pessoas jurídicas que, assim como pessoas físicas (como Paulo Roberto Costa), decidirem colaborar com as investigações, fornecendo informações importantes que venham a ser comprovadas.

Mas ainda há muito a se fazer para melhorar.

O Legislativo brasileiro é bicameral a nível federal e unicameral a níveis estadual e municipal. Bicameral? Sim, resumindo, podemos dizer que Câmara dos deputados e Senado existem para fazer a mesma coisa.

Para não ficar tão descarada essa duplicidade, dividiram algumas atribuições e estabeleceram que todas as decisões devem ser aprovadas pelas duas câmaras (sim, uma elabora, manda para a outra, que pode revisar e então devolver para votação uma vez mais), ou seja, uma burocracia danada.

Cada um dos 26 estados (mais o distrito federal) tem a sua própria assembleia legislativa com seus deputados estaduais (distritais no caso do DF) e cada um dos 5570 municípios tem sua câmara municipal com seus vereadores. Diferentemente do nível federal, nos níveis estadual e municipal temos uma câmara apenas, portanto.

Menos complicado, certo? Sim, mas nem sempre foi assim, já tivemos senado também em 8 estados brasileiros; em São Paulo, por exemplo, tivemos o senado estadual por quase 40 anos. Sim, havia o senado federal e também o senado estadual!

Sabe quem é bicameral seja a nível federal seja a nível estadual? Os EUA; sim, justamente os que são usados como exemplo pelos defensores do estado mínimo aqui no Brasil. Oras, os EUA são vistos como Estado mínimo para terceirizar e para não oferecer serviços aos cidadãos, mas na hora de enxugar a própria máquina de governo, não percebem que para eles não basta uma câmera e um senado no governo federal, tem que ter uma câmera e um senado em cada estado também. Para mim isso não faz sentido, se querem Estado mínimo, que seja mínimo também no tamanho da máquina, oras.

Seja no Estado mínimo dos conservadores, seja no Estado provedor dos progressistas, um Legislativo bicameral não se justifica. Por que insistir nessa disparidade eu não sei, mesmo porque o bicameralismo surgiu para que a chamada câmara baixa (deputados) representasse os comuns e a chamada câmara alta (senado) representasse os nobres, ou seja, um absurdo para nossa sociedade contemporânea.

Países distintos como Suécia e China são unicamerais, isto é, sem senado, beneficiando-se de uma maior simplicidade do processo legislativo, evitando o paradoxo entre as câmaras e também apresentando custos menores.

Concordo com os conservadores quando defendem o enxugamento da máquina, mas não concordo com o Estado mínimo. Creio num Estado provedor, que sirva ao povo como um todo, mas que seja enxuto, pelo bem de todos.

É um absurdo termos tantas instâncias no Judiciário, que no fim das contas não funciona como deveria.

É um absurdo termos um salario mínimo de R$ 724,00 e nossos parlamentares e agentes do Judiciário custarem o que custam aos cofres públicos; eu defendo menos regalias para eles, defendo salários para mandatários, parlamentares e agentes judiciários que sejam compatíveis com os salários de policiais e professores. Quero dizer, não como os professores da USP (como FHC) que ganham mais do que os R$ 20,7 mil do governador, me refiro à grande maioria dos professores brasileiros, que trabalham muito e deveriam ganhar mais.

Duas câmaras com a mesma finalidade? Não, abaixo o Senado.

Por que uma polícia militar nas ruas num país que não está em tempo de guerra? Por que não treinar e valorizar os policiais civis, destinar uma parte deles para o policiamento ostensivo e fazer com que os crimes passem a ser realmente investigados?

Para que tantos ministérios? Para que tantos deputados estaduais e vereadores? E principalmente, para que tantos benefícios? Para que tantos assessores e secretários? Para que tantas verbas?

Tenho convicção que muita gente concorda em relação a essas coisas, seja de direita seja de esquerda.


Como mudar esse quadro democraticamente?

Com reformas.

Quem está disposto a lutar por reformas democraticamente no Brasil hoje?

Boa parte dos brasileiros está.

Dois exemplos: a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas já conseguiu juntar mais de 640 mil assinaturas; a “Marcha popular pelas reformas” realizada em 13/11/2014 em São Paulo, reuniu 12 mil pessoas debaixo de chuva e é uma resposta aos 2 mil manifestantes que, seis dias após a reeleição de Dilma foram às ruas pedir o impeachment da presidente e defender a necessidade de uma “intervenção militar” no país.

Com milhões de pessoas se manifestando nas ruas de várias cidades brasileiras nas chamadas jornadas de junho de 2013, iniciou-se um período de intenso debate político no Brasil, ainda mais acirrado com a campanha para as eleições de outubro agora.

Não podemos dizer que a primeira metade do governo de Dilma tenha sido exatamente reformista, mas desde as jornadas de junho de 2013 isso vem mudando. Ao propor os “cinco pactos”, na onda de respostas às manifestações, a presidente defendeu a reforma política com plebiscito. Ela chegou a enviar uma proposta ao Congresso, enterrada pelos parlamentares em menos de duas semanas.

Dilma fez sua campanha para a reeleição pautando várias propostas de reformas e defendendo uma maior participação dos eleitores nas decisões do governo.

Na lista de propostas da presidente temos a reforma política (para regular o financiamento de campanha eleitoral, definir o sistema eleitoral, as coligações partidárias, entre outras coisas necessárias também para o combate à corrupção), a reforma federativa (para redefinir as competências da União, dos estados e municípios em relação a saúde, educação e segurança pública, interligando os cadastros e padronizando a atuação; inclui a discussão sobre a reforma tributária), a reforma urbana (envolvendo propostas para saneamento, habitação, mobilidade, transporte coletivo, tarifas; além de repensar a questão da autonomia política das áreas metropolitanas) e a regulação econômica da mídia (impedindo práticas monopolistas, sem que isso implique em qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdo).

São reformas que servirão para melhorar a vida dos brasileiros, para elevar o Brasil ao mesmo patamar de países ditos desenvolvidos e democráticos, como os países nórdicos por exemplo.

Mas se a presidente está disposta a discutir com a sociedade para aprovar reformas necessárias para melhorar o que tanta gente reclama, por que a coisa não anda?

Você sabia que apesar do Presidente da República ser a autoridade máxima do país, é o Congresso (Câmara dos Deputados e Senadores) que tem a palavra final?

Se o Presidente propor uma lei, o Congresso tem que aprovar para ter validade, ou seja, o Presidente pode querer fazer algo e o Congresso não deixar.

Se o Congresso propor uma lei, o presidente pode vetar, mas o congresso pode anular o veto do Presidente, ou seja, o Presidente pode não querer fazer e o Congresso obrigar.

Enquanto isso o povo sofre as consequências desses jogos do poder sem participar das decisões que afetam a vida de todos.

Além das eleições, o povo poderia participar através de plebiscitos e outras iniciativas, direcionando os políticos eleitos para que a vontade da maioria fosse ouvida na hora de tomar as decisões que afetarão a vida dos brasileiros, pois o que vem acontecendo é que a partir do momento em que os políticos eleitos tomam posse, eles agem como querem, sem ouvir os eleitores que os elegeram.

Não é à toa que esses políticos aprovam aumentos salariais para si próprios de forma ágil enquanto deixam de votar matérias importantes para a todos os brasileiros. Um exemplo é a Comissão de Trabalho da Câmara que aprovou em 05/11/2014 o texto que prevê que o salário dos ministros do Supremo e do procurador-geral da República passem dos atuais R$ 29.462,25 para R$ 35.919,05. O impacto no orçamento pelo efeito cascata do aumento será de R$ 872,3 milhões ao ano. A Comissão também aprovou na mesma data o Projeto de Lei 7920/14, do STF, que reajusta os salários dos servidores do Poder Judiciário da União. Pelo texto, o aumento será implementado em parcelas, até 2017. O impacto orçamentário para 2015 é de R$ 1,473 bilhão.

Você sabe quanto ganha um deputado federal no Brasil entre salário e benefícios? R$ 1,79 milhões ao ano.

Os 513 deputados juntos ganham quase 1 bilhão de reais ao ano.

Pois bem, os deputados federais derrubaram o decreto presidencial que criou a Política Nacional de Participação Social, sob o pretexto de que a participação popular prevista no decreto invadiria as prerrogativas do Legislativo.

Muita gente comemorou, alegando que o governo petista quer instalar o bolivarismo no Brasil.

Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé (em entrevista à Veja) "o bolivarismo é uma forma de autoritarismo que parece que não é", onde “os conselhos populares que seriam criados pelo decreto são soviets aparelhados com profissionais militantes pagos com dinheiro público para cercear a autonomia institucional”.

Por outro lado, muita gente lamentou, alegando que numa democracia a participação popular é fundamental.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse na abertura da 42a Reunião Nacional do Conselho das Cidades: “nunca falamos em inventar conselhos, falamos simplesmente em organizar e aprofundar a participação social”.

Em seu discurso de retorno ao Senado após as eleições, Aécio anunciou ser o líder da oposição e deixou bem claro que vai boicotar as propostas do governo de Dilma Rousseff.

Não condenou as insanidades de parte de seus eleitores (que se manifestam pedindo um golpe militar para tomar o poder à força) e voltou a atacar o PT com acusações e denúncias, e incitou à polarização. Voltou a dizer que caso eleito presidente iria manter os programas sociais do atual governo, os mesmos programas que ele próprio e seu partido atacaram e criticaram desde o início, durante anos (parando apenas na campanha eleitoral).

A história dele ter "aconselhado" a presidenta a unir o país é retórica pura, em seu discurso ficou claro que ele ainda está em campanha.

Condicionou sua suspeita disposição ao diálogo ao aprofundamento da operação Lava-Jato (como se as investigações já não estivessem acontecendo) e já adiantou que é contra a regulação da mídia e contra qualquer iniciativa de participação popular (ele defende a manutenção do controle do poder nas mãos do congresso), isto é, contrário a qualquer tentativa de plebiscito (quando muito a favor de referendo).


Não fica claro que tipo de reformas ele defende, o que fica claro é que quaisquer que sejam, os detalhes não são da conta do povo.

É como dizer a todos os brasileiros: “Pessoal, vocês já exerceram sua soberania popular elegendo os políticos, agora deixem com os políticos, os políticos cuidarão de tudo para vocês, nos veremos novamente nas próximas eleições”.

As propostas de reformas do governo reeleito de Dilma estão plenamente de acordo com as demandas atuais no mundo democrático.

Aqui dois exemplos notórios:
1. Nessas eleições norte-americanas, além de eleger os candidatos, os eleitores também tomaram parte de mais de cem plebiscitos importantes;
2. Na Inglaterra foi recentemente aprovada a regulação da mídia, como já fizeram outros países desenvolvidos.

Quem insiste em vociferar contra o governo democraticamente eleito e tenta atrelar ao PT termos como bolivarismo, ditadura ou comunismo, demonstra preguiça ou má intenção. Enquanto não esquecermos as diferenças ideológicas para nos concentrarmos na construção de um Brasil melhor para todos, teremos essa divisão bem marcada entre povo e agentes do poder (políticos, agentes do Judiciário etc), com o resultado podre que já conhecemos: povo deixado para trás e agentes do poder garantindo regalias para si próprios.

Rivalidade em campanha eleitoral é compreensível, mas a eleição já foi.

Precisamos acabar com essa mania de eleger os políticos e depois apenas reclamar dos problemas, até a próxima eleição.

Mesmo quando aprendermos a eleger melhor, ainda assim será positiva a participação popular no decorrer dos mandatos. Não quero dizer com isso que os cidadãos deverão se transformar em militantes ou agentes; cada um participa como quiser, como puder, afinal nem todos temos vocação para participar de movimentos sociais; todos temos nossas vidas particulares e devemos ter momentos de lazer.

A participação popular pode se dar através de consultas públicas como plebiscitos, que são plenamente compatíveis com a manutenção da vida particular de todos sem o menor conflito.

A participação popular não é uma ameaça para quaisquer esferas do poder político, pelo contrário, facilita seu melhor desempenho.

A participação popular é algo negativo apenas para os maus políticos e para os corruptos; para os cidadãos de bem, sejam eles de direita ou de esquerda, é algo extremamente positivo. É a base de uma democracia plena.

5 de novembro de 2014

E agora, Neves?

(originalmente postado no facebook)

Em seu discurso de retorno ao senado, Aécio deixou bem claro que vai boicotar as propostas do governo de Dilma Rousseff.
Não condenou as insanidades de parte de seus eleitores (que se manifestam pedindo um golpe militar para tomar o poder à força) e voltou a atacar o PT com acusações e denúncias, e incitou à polarização. Voltou a dizer que caso eleito iria manter os programas sociais do atual governo, os mesmos programas que ele próprio e seu partido atacaram e criticaram desde o início, durante anos (parando apenas na campanha).
A história dele ter "aconselhado" a presidenta a unir o país é retórica pura, em seu discurso ficou claro que ele ainda está em campanha.

Condicionou sua suspeita disposição ao diálogo à investigação do chamado petrolão (como se já não estivesse acontecendo) e já adiantou que é contra a regulação da mídia e contra qualquer iniciativa de participação popular (ele defende a manutenção do controle de poder nas mãos do congresso), isto é, contrário a qualquer tentativa de plebiscito (a favor de referendo quando muito).
Não fica claro que tipo de reformas ele defende, o que fica claro é que quaisquer que sejam, os detalhes não são da conta do povo.

As propostas de reformas do governo recém eleito de Dilma estão plenamente de acordo com as demandas atuais no mundo democrático.
Quem insiste em vociferar contra o governo democraticamente eleito e tenta atrelar ao PT termos como bolivarismo, ditadura ou comunismo, demonstra preguiça ou má intenção.
Aqui dois exemplos notórios:
1. Nestas eleições norte-americanas, além de eleger os candidatos, os eleitores também tomaram parte de mais de cem plebiscitos importantes;
2. Na Inglaterra foi recentemente aprovada a regulação da mídia, como já fizeram outros países desenvolvidos.

Olha, que visão desanimadora a plenária desse nosso senado... Saber que estamos à mercê de um congresso como esse...
É deprimente.

Não vai ser fácil.

4 de novembro de 2014

A esquerda caviar e o pobre conservador

(publicado no site Pragmatismo Político)

Esquerda caviar é o apodo usado hoje no Brasil para designar quem faz parte das classes mais favorecidas da sociedade e defende o socialismo ou mesmo o progressismo, em oposição ao capitalismo neoliberal ou simplesmente ao conservadorismo.

Muita gente pensa que a expressão foi inventada por algum colunista da Veja, mas já nos anos 80 era usada pelos detratores de Miterrand na França.
Podemos encontrar equivalentes em outras línguas também, o conceito remonta à primeira metade do século XX, talvez até mesmo à segunda metade do XIX.

Depois das manifestações de junho de 2013 e principalmente agora nas atuais eleições presidenciais, os ânimos para o debate e o embate políticos se exaltaram como não acontecia no Brasil nos últimos 30 anos.

A ideia da expressão é desqualificar, no estilo "Fla-Flu", ou melhor dizendo, "Curíntia-antis"; denotando que os membros da esquerda caviar não são sinceros em suas convicções, uma vez que pregam uma sociedade socialista e, de maneira hipócrita, se beneficiam do sistema capitalista; implicitando que somente os pobres poderiam defender o socialismo com legitimidade.

Resta saber se, para quem acredita nessa ideia, a esquerda caviar seria ardilosa (fingindo ser simpática à causa dos menos favorecidos e ao mesmo tempo perpetuando as diferenças) ou apenas ingênua (desconhecendo que com essa postura poderia perder suas regalias).

Ainda não li o livro do colunista da Veja...

O ponto de partida para isto tudo é uma visão de mundo, de quem acredita nessa ideia de esquerda caviar, onde a sociedade foi, é e será dividida entre classes espertas e classes preguiçosas, favorecidos e desfavorecidos. Onde basicamente seria impossível todos serem ricos e a pobreza ser erradicada.

O medo corrente de aproximadamente metade dos eleitores brasileiros, herdado de um tempo em que não existia sequer isso de socialismo ou capitalismo, sussurra via PiG e costumes “de bem”, que o socialismo malvado da gang dos PeTralhas iria tirar as riquezas das classes favorecidas e dar aos pobres, desrespeitando a legitimidade da propriedade particular e acomodando a sociedade rumo ao atraso e à pobreza generalizada.

É um engano, pois além de estarmos no décimo segundo ano de governo federal do PT e sem maiores turbulências para os ricos (pelo contrário), o socialismo busca a igualdade social, algo bem diferente de empobrecimento geral (vide o mapa da pobreza no mundo da ONU, pela primeira vez na história sem o Brasil nele). Caso o engano em relação aos objetivos do socialismo persista, basta ver como vivem os cidadãos dos países nórdicos e perceber o quão parecidas são as propostas principais de reformas que a Dilma vem tentando colocar em pauta no Brasil.

E também porque ter outros em situação de inferioridade forçada e velada, à nossa disposição sustentando um ambiente em que nossas regalias abundam impedindo a dignidade de outros, olha, isso não pode ser conceito de riqueza; já está claro que, com os avanços da ciência e as novas tecnologias, os recursos atuais disponíveis em nossos ecossistemas seriam mais que suficientes para o bem-estar material de todos os humanos do planeta. Já está claro também que não o poderão ser por tanto tempo assim, visto que população cresce e o planeta, que não cresce, vem sendo cada vez mais estragado.

Eu repudio o consumismo desenfreado, pois gera desperdício e, com os recursos naturais limitados que são, cada vez mais tenho a convicção que deveríamos usar a lógica da ecologia para buscarmos cada vez mais tecnologia com menos desperdício. Ciência como religião. E isso nada tem a ver com socialismo, tampouco com capitalismo.

Eu sei, estou enveredando por um caminho que poderá ser rotulado por muitos como utopia (inclusive por progressistas), além dos conservadores que tiveram a paciência de ler até aqui provavelmente me rotularem de petralha, mas tudo bem, poderei me aprofundar sobre esse conceito de uma sociedade científico-ecológica em outro texto, por ora voltemos ao tópico da esquerda caviar.

Esquerda caviar é o rico de esquerda, o bem-educado de esquerda, aquele que é visto como incoerente.

O escárnio é tanto que às vezes a própria pessoa chamada de esquerda caviar acaba se enxergando negativamente como tal. Isso causa confusão, alguns resignam-se e tendem a se distanciar da política, outros conseguem transformar a vergonha em reafirmação de conduta.

Já o pobre que elege os mesmos neoliberais conservadores que os mantêm desfavorecidos, esse acaba não sendo visto como incoerente por ninguém, pois a esquerda (seja ela caviar ou não) enxerga que ele é iludido (veja como conquistas suadas tais quais a abolição da escravatura, a CLT, o voto das mulheres etc foram de certa forma "contornadas" pelo modus operandi do capitalismo, mantendo a desigualdade social), e a direita finge que não enxerga incoerência alguma, finge que é assim que tem que ser.

O oposto à esquerda caviar não seria uma direita mortadela, ou uma direita rapadura, afinal Gandhi nunca se definiu como um socialista e, escolher para si a pobreza material, apesar de maravilhosamente louvável, nada tem a ver com socialismo; a meu ver o oposto à esquerda caviar é mesmo o conservador astuto, pobre de espírito, simpatizante do que a Veja publica, isto é, aquele que contribui para que o pobre aceite a pobreza de si próprio e legitime a riqueza outrem, e principalmente para que ele acredite que a única maneira de se tornar rico é deixando o "time" dos pobres para trás, para então ajudar o "time" dos ricos a perpetuar esse jogo, ou melhor dizendo, jugo.

2 de novembro de 2014

Paulista na onda da distopia da indignação seletiva

Seis dias após a reeleição da presidente Dilma, cerca de mil pessoas foram à avenida Paulista protestar contra o resultado das urnas, contra o PT. O ato foi idealizado no facebook e os poucos dos participantes confirmados que acabaram indo até a Paulista portavam cartazes dizendo “Comunismo não! Fora Dilma!”, “Impeachment já”, “O PT é o câncer do Brasil”, "SOS Forças Armadas", “A maior fraude da história”, “Precisamos tirar essa quadrilha do Brasil” etc.

Pois é, tem gente indignada no Brasil, gente que quer "intervenção militar", para tirar do poder um governo eleito democraticamente.
O motivo principal dessa indignação seria a corrupção. Notem bem, a corrupção do PT.

Esse mesmo governo, acusado com os cartazes listados acima, ao invés de abafar toda e qualquer denúncia de corrupção política envolvendo membros de seu partido, como acontecia antes de 2003, levou adiante as investigações e, quando comprovado algum ato de corrupção, assumiu as consequências.
Um caso exemplar é o chamado mensalão do PT, onde o julgamento e as condenações aconteceram, como nunca tinha acontecido na história do Brasil.
Já o mensalão do PSDB, que aconteceu antes, até hoje nunca teve os envolvidos punidos, foi abafado e continua sendo esquecido propositalmente a caminho da prescrição.

A operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga a Petrobras, é mais um exemplo de como o governo federal não abafa os escândalos de corrupção como acontecia antes.
As investigações estão correndo e em caso de comprovação de crimes, devemos acompanhar para que os criminosos sejam punidos dentro da lei.
No site da Polícia Federal você encontra as operações por ano (aqui: http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas), antes de 2003 nem existem dados. Em 2003 foram 9 operações para investigar atos de corrupção, esse número foi subindo ano a ano, a ponto de termos entre 2008 e 2012 mais de 200 operações por ano.
Mas não adianta somente o governo federal se preocupar em combater a corrupção, as outras esferas do executivo (estados e municípios) não acompanharam essa mudança em termos de fiscalização. Além disso, há outra questão: os outros poderes (legislativo e judiciário) são seletivos na hora de investigar, julgar e punir. Existe uma resistência tremenda dentro desses poderes para que tudo volte a ser como era antes, com os escândalos de corrupção abafados e os crimes prescrevendo.
O resultado disso é que somente uma parte dos atos de corrupção acabam sendo investigados e julgados, justamente aqueles envolvendo gente atrelada a esse governo que tenta combater a impunidade...
É preciso entender que a corrupção não aumentou nos governos do PT, o que aumentou foi a fiscalização com decorrentes ações para a punição dos corruptos por parte do governo federal.

Aumentou também a exposição da corrupção por parte da grande imprensa, porém de forma seletiva e leviana. Um exemplo é o caso da matéria de capa da Veja às vésperas da eleição presidencial acusando a presidente Dilma e o ex-presidente Lula de participação nos atos de corrupção na Petrobras. Essa mesma revista nunca deu esse destaque para a denúncia contra o então presidente do PSDB que supostamente estaria envolvido em atos de corrupção milionários que teriam acontecido na mesma Petrobras, no mesmo período.
Qualquer um pode fazer denúncias, qualquer um pode sofrer denúncias, é para isso que serve a polícia e o judiciário numa democracia: para investigar e julgar as denúncias.
A revista Veja, sim, cometeu um crime, evidente. Essa matéria de capa não apresenta prova alguma do envolvimento de Dilma e Lula em qualquer ato de corrupção, teria sido uma declaração do doleiro, sob delação premiada (que deveria correr em sigilo judicial).
O próprio advogado do doleiro desmentiu qualquer acusação envolvendo Dilma ou Lula. Quem acredita na Veja, ignora o fato que a revista foi condenada pelo TSE a publicar direito de resposta ao PT. Um veículo jornalístico não pode enganar os eleitores com propaganda partidária travestida de jornalismo investigativo.

Claro que o PT tem deficiências e problemas, oras; mas qual partido não tem deficiências e problemas?
Essa demonização do PT cega. Ao invés de mantermos o foco nas propostas em busca do melhor para o país, estamos nos submetendo a essa situação de fragmentação com demonstrações de ódio, e mentiras.
O PT foi eleito para governar o país e deve ser fiscalizado e cobrado para que cumpra seu programa e melhore a vida dos brasileiros. Não devemos perder o foco, há muito por se fazer ainda, o PT deve isso para o povo brasileiro e devemos todos acompanhar e cobrar.

Essa gente que demoniza o PT não está buscando justiça, está querendo golpe de estado, o justiçamento com as próprias mãos. Quer dizer, com as mãos dos militares.

Faz um tempo já, que muita escola em nosso país vem ensinando para nossas crianças que não existiu ditadura no Brasil, que houve sim apenas uma intervenção, um regime militar...
Isso é muito grave, pois essas crianças crescem.
E é mentira, o Brasil sofreu sim um golpe militar em 1964, quando os militares tiraram do poder o legítimo presidente da república, João Goulart.
Por quase vinte anos no Brasil tivemos CORRUPÇÃO desenfreada, perseguições políticas, cassação de direitos, censura, prisões arbitrárias, tortura, assassinatos de cidadãos que não tinham sido julgados por crime algum, por parte de agentes do estado, dentro de repartições públicas.

Tem muita gente hoje que nunca teve que pagar suas contas em cruzeiro, ou cruzeiro novo, ou cruzado, ou cruzado novo, ou cruzeiro real...
Sim, muita gente que não sabe quão pior já foi o Brasil.

O Plano Real foi bom para o Brasil e o PT na época foi contra o Plano Real, parabéns FHC, por ter contribuído para a estabilidade de nossa moeda.
Mas desde 2003 o PT vem mantendo essa conquista do Plano Real, ou seja, essa história de “PT comunista”, de “PT terrorista”, não tem cabimento.
Mais, os governos do PT além de terem mantido o Plano Real, evoluíram o quadro geral do país.
A inflação média nunca foi tão baixa antes. Nunca tivemos uma taxa de desemprego tão baixa. Nunca tivemos um salário mínimo tão alto. Nunca tivemos tanta gente na faculdade, viajando de avião, comprando carro. Nunca tivemos tanta gente, como costumamos dizer, melhorando de vida.

E o principal, nunca na história do Brasil houve tanta disposição no combate à miséria que assolava milhões de brasileiros nos rincões de nosso país e nas periferias de nossas cidades; miséria essa que nos envergonhava internacionalmente e que impedia o desenvolvimento do país como um todo.
Foram dezenas de milhões de pessoas tiradas da miséria com programas sociais inteligentes e justos. Muita gente critica e demonstra ódio quando se fala nesses programas sociais dos governos do PT, o que é espantoso, pois o candidato derrotado na eleição, Aécio, disse a campanha toda que manteria todos os principais.

Para quem não acredita que existiu uma ditadura militar no Brasil, aqui um filme muito importante: Utopia e Barbárie. https://www.youtube.com/watch?v=brzyIJ27TAI
Assisti recentemente num canal a cabo, foi justamente o contraste entre o que vi na Paulista e o que vi no filme que me empurrou para escrever isto tudo aqui.

Gente, ainda há muito para melhorar, muito para evoluirmos enquanto sociedade e país.
Eu sei, essa gente dos cartazes acima, essa gente é pouca e, numa democracia, tem de haver espaço para qualquer tipo de manifestação, por mais esdrúxula que seja a ideia apresentada.

Escrevo aqui no único intuito de informar, pois me parece óbvio que se faz necessário mostrar para essa gente que isso que eles querem e alegam ser democracia, olha, não é democracia não.

Sabe, tem gente que luta por uma utopia, errando ou acertando que seja.
Por mais ingênuo que isso possa parecer, ainda me parece infinitamente melhor que lutar por uma distopia.

("distopia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/distopia [consultado em 02-11-2014]:
substantivo feminino
Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária, por oposição à utopia.)