Tempo...
Inspirado em/por zines como Make No Sense (Osasco/SP), Esquizofrenia (Sao Paulo/SP) e Midsummer Madness (RJ) decidí montar um (zine), e o chamei "O Bosque". Era 1995. O zine teve 4 edições que abordaram temas como musica (rock, pop, experimental), literatura, comportamento, viagem. Alguns nomes que passaram pelas páginas: cachoeiras de Paratinga, Smashing Pumpkins, Rimbaud, City Limits, São Thomé das Letras, Pato Fu, Silverblood, Oscar Wilde, Train Crash, Peru e Bolívia, Henry D. Thoreau, Velvet Underground, estação ecológica Juréia-Itatins, Loop B, Jean Paul Sartre, Comespace, Don't Be Afraid My Son, Juntatribo...
Então veio o dilúvio, de fitas-demo e zines, pelo correio. Não havia ainda os grupos de discussão por e-mail (aliás, até existia um ou dois mas era coisa para pouquíssimos), a internet era algo impopular e distante. Entrei num mundo de cartas, dezenas de cartas por dia, flyers, trocas de material e informações, coisa de louco.
Percebí enfim o que queria dizer o termo underground.
Meu zine obviamente já não dava conta de todos os materiais que recebia para divulgar e eu estava por demais envolvido para simplismente "lavar as mãos".
Veio então a idéia do selo de demos. E surgiu o selo "Woodland recordings".
Ótima idéia, excelente. Como eu podia ter perdido tanto tempo? Eu tocava em banda(s) desde 1991, fazia um som que não se enquadrava em nenhum selo existente por essas bandas, não era rico para bancar a gravação/prensagem/divulgação dos álbuns, quer seja LP como CD.
O que fazer?
Oras, divulgar o material em fita cassete artesanal mesmo. E foi. Outro status, de demo a coisa passou para cassete.
Mais cartas.
Era incrível como esse tal de underground podia ser esquisito, tão grande e tão escondido...
Toma corpo um projeto audacioso para aqueles dias e para aquele lugar (Brasil-1997), um CD coletânea (produzido de forma industrial) com as bandas do selo. Só faltava a grana. Então enviei para diversas bandas cartas com linhas que diziam quanto custava (o cd) e idéias. Recebí respostas com linhas que diziam sim e idéias. Foram mil cópias, quinhentas pagas pelo selo (por mim) e quinhentas pagas por (e entregues para as) bandas participantes.
As bandas:
* MOONRISE, de Santos/SP - guitar-noise-pop c/ letras c/ Thoreau + Sartre (2 demos lançadas; participações em 2 coletâneas em CD e 3 coletâneas em K7; shows em Santos, São Paulo, Maringá(PR), Curitiba(PR), Niterói(RJ), Goiânia(GO) e Brasilia(DF));
* BUGHOUSE, de Ubá/MG - regressive-guitar c/ lirismo (1 demo lançada; shows em Viçosa, Ubá, São Paulo; 1 vídeo-clip lançado);
* SIX DEGREES, de Curitiba/PR - noise-guitar c/ influências cinematográficas (2 demos lançadas; participação em 1 coletânea em K7; shows em Brasilia(DF) e Curitiba);
* INDOOR, de Franca/SP - brit-rock puro (2 demos , shows em Franca e Maringá(PR));
* CHRONIC MISSING, de Natal/RN - noise-pop c/ letras angustiadas e passionais (3 demos lançadas, participação em 2 colet. em K7, shows em Natal, João Pessoa(PB));
* NEW WAVE HOOKERS, do R. J./RJ - guitar-noise (2 demos, shows no RJ, Niterói);
* DIVINE, de Brasília/DF - pop+punk+mpb+techno+noise c/ poesia (1 CD próprio lançado, 7 demos lançadas, participações em 1 coletânea em CD e 3 em K7, shows em Brasília, São Paulo, Ubá(MG) e Porto Alegre(RS));
* THE OLD SUIT, de Cerquilho/SP - alterna-guitar (1 CD(EP) lançado, shows em Cerquilho, São Paulo, Maceió(AL));
* SWAMPS, de Curitiba/PR - guitar-band c/ letras sobre o cotidiano emocional (2 demos lançadas, participação em 1 coletânea em CD e 1 em K7, shows em Curitiba, Paranaguá, São Paulo).
Cada banda participa com 3 músicas próprias (menos o Swamps). O CD foi produzido junto às empresas MCK Com. & Repres. e Sonopress-Rimo. O encarte (gráfico) vem com as letras de todas as músicas, além de fotos e infos de todas as bandas. A masterização foi feita com o sistema Sonic Solutions. São aproximadamente 74 minutos de música (25 canções).
O CD teve boa repercussão. Sim, claro, no underground.
O lançamento nacional do CD Different Songs aconteceu em Curitiba/PR, dia 13/06/98, com shows das bandas Moonrise e Swamps, no Tosco's Bar. À seguir, shows de lançamento em Maringá/PR, Londrina/PR, Niterói/RJ, São Paulo e Brasília/DF.
Tudo foi feito por meio das próprias bandas participantes e eu era uma espécie de captador.
O CD Different Songs:
* foi vendido pelo correio, em mãos e por meio de lojas (especializadas em rock) dispostas em apostar na idéia de vários lugares (Santos, Sao Paulo, Curitiba, Londrina, Maringa, Brasilia, Salvador, Madureira, RN, RJ, RS, MG, CE)...
* foi tema para diversas matérias em jornais, revistas, fanzines e e-zines de várias partes do país (ex: Folha de S. Paulo/SP, O Dia/RJ, Tribuna do Norte/RN, Correio Brasiliense/DF, O Estado de São Paulo/SP, Gazeta do Povo/PR, Showbizz/SP, Rock Press/RJ, Sui Generis/SP, Imaginary Friends/PR, Make No Sense/SP...), além da execução de músicas do CD em algumas rádios de estados brasileiros, como por exemplo PR (programa Ultimo Volume), SP (programa Electric, Transamérica/Santos), BA (AM Rocker), DF (Cultura FM), MG (Fim De Noite-Tropical FM), RJ (Imprensa FM), RN...
Depois da sengunda tiragem (de 500 cópias, as quais ainda nao se esgotaram), por razões alheias à minha vontade, abandonei as atividades com o selo. Me mudei de Santos para Sao Paulo e fiquei por quase 5 anos sem pensar em selo.
