7 de janeiro de 2016

Padrões

O ser humano instintivamente busca padrões na natureza e condiciona a realidade ao conceito de causalidade. 
Este impulso primordial está por trás de coisas distintas como a religião e a ciência. 

A religião foi por muito tempo o que o ser humano tinha de mais avançado para responder as inúmeras questões delicadas e até então sem resposta. 

Então, há aproximadamente 2600 anos surgiram os primeiros cientistas, numa região chamada Jônia (então parte da Grécia antiga, hoje da Turquia); esses pensadores, também conhecidos como naturalistas, foram capazes de compreender a natureza e a realidade como ninguém antes. 

Alguns exemplos de descobertas deles? 
Ok, vamos lá: sistema heliocêntrico com cálculos das dimensões e distâncias do sol e da lua, marés e eclipses (sim, quase dois mil anos antes de Galileu, Copérnico, Kepler e Newton!), pensamento teórico evolucionista (sim, mais de dois mil anos antes de Darwin!), os fundamentos de matérias tais como filosofia, matemática, astronomia, geometria, cosmologia, paleontologia, metereologia, além de algumas experiências primitivas com magnetismo e esboços teóricos sobre gravidade e física de partículas. Sim, temas extremamente requintados e tratados hoje em dia.

Aqui os nomes de alguns dos principais desses sábios: Tales, Anaximandro, Anaximenes, Xenófanes, Heráclito, Epícuro, Anaxágoras, Arquelau, Diógenes, Aristarco, Pítaco, Leucipo, Bias, Melisso...

Por conta deles terem usado a racionalização para saciar a curiosidade e obter respostas, ao invés de se submeterem à religião ou à mitologia, foram relegados.

Com a destruição da biblioteca de Alexandria (destruição essa inclusive de motivação religiosa), todo aquele saber, valioso de uma forma indescritível, foi mutilado e banido...
Sabe quais filósofos gregos não foram relegados? Platão e Aristóteles; que ambicionavam a influência religiosa, receosos ao método científico e defendendo absurdos como a escravidão; que foram usados para moldar dogmas das grandes religiões...

Mil e quinhentos anos se passaram até que o pensamento científico voltasse, e desde então a humanidade vem desenvolvendo novamente a ciência para compreender melhor a natureza e a realidade, com resultados impressionantes.

Mas apesar disso ainda há várias perguntas importantíssimas e delicadas que seguem sem resposta. 
Há quem acredite que o ser humano nunca será capaz de saber a resposta para tudo, ou que ao descobrir a resposta para tudo o ser humano se transformará em outra coisa, há outros que acreditam que a ciência não passa de outra forma de religião...

Ontem no caralivro comentei num post da ótima página Quebrando o Tabu justamente sobre ciência (e religião).
Hoje coincidentemente recebi uma notificação sobre uma palestra TED que pretendo legendar para o português e logo depois vi num documentário da BBC falarem do chamado junk DNA.

Para além das observações triviais sobre a semelhança de formas geométricas na natureza em escalas tão diferentes, como por exemplo o mesmo desenho de espiral num caramujo e numa galáxia, este texto aqui veio da minha observação sobre como há padrões distribuídos na natureza de forma intrigante, tais como:

No interior dos sistemas estelares o que mais existe é espaço vazio; o sistema solar tem mais de 22 bilhões de quilômetros de diâmetro e mais de 99% disso é vazio (o sol responde por mais de 99% da massa total do sistema solar). 

No interior dos átomos (um fio de cabelo humano tem cerca de um milhão de átomos de largura), o que mais existe é espaço vazio. Os elétrons não têm dimensão que possa ser medida e movem-se num espaço vazio ao redor do núcleo. Só uma trilionésima parte do átomo está cheia de matéria. 

A matéria nuclear tem uma densidade inimaginável: uma colher de café cheia dessa matéria pesaria um bilhão de toneladas e se uma maçã fosse ampliada para o tamanho da Terra, os átomos teriam aproximadamente o tamanho da maçã original. 
E apesar disso, sobra muito espaço vazio dentro do átomo. 
Como é possível?
Isso me faz lembrar da palestra TED sobre física de partículas de um cientista italiano do CERN cuja legenda em português é minha (a legenda ainda precisa ser revisada e aprovada).

Somente 5% do DNA humano é útil e somente 5% da matéria no universo é bariônica
Por que não encontramos a utilidade dos 95% restantes de nosso DNA? Por que não conseguimos enxergar os 95% restantes da massa do universo?

O termo teia cósmica é usado para descrever a maneira pela qual as galáxias se distribuem no universo observável. Vistas de longe, elas estruturam-se em linhas que se cruzam e se conectam.
Essa é a mesma estrutura do nosso cérebro.

Nosso cérebro possui cerca de 90 bilhões de neurônios, o universo possui cerca de 90 bilhões de galáxias em seus 90 bilhões de anos-luz de diâmetro e cada uma dessas galáxias possui em média cerca de 90 bilhões de estrelas...

Padrões, sempre procuramos e enxergamos padrões.

Se a ciência for mesmo uma nova forma de religião, como dizem alguns, que seja! Pois levando em conta as grandes religiões dogmáticas, olha, a ciência é uma evolução e tanto!

O problema é como as grandes religiões se apoderaram da espiritualidade para fins materiais através de dogmas; a espiritualidade não é um problema, pelo contrário, muitos cientistas sentem espiritualidade.

Que a curiosidade persista!