5 de novembro de 2014

E agora, Neves?

(originalmente postado no facebook)

Em seu discurso de retorno ao senado, Aécio deixou bem claro que vai boicotar as propostas do governo de Dilma Rousseff.
Não condenou as insanidades de parte de seus eleitores (que se manifestam pedindo um golpe militar para tomar o poder à força) e voltou a atacar o PT com acusações e denúncias, e incitou à polarização. Voltou a dizer que caso eleito iria manter os programas sociais do atual governo, os mesmos programas que ele próprio e seu partido atacaram e criticaram desde o início, durante anos (parando apenas na campanha).
A história dele ter "aconselhado" a presidenta a unir o país é retórica pura, em seu discurso ficou claro que ele ainda está em campanha.

Condicionou sua suspeita disposição ao diálogo à investigação do chamado petrolão (como se já não estivesse acontecendo) e já adiantou que é contra a regulação da mídia e contra qualquer iniciativa de participação popular (ele defende a manutenção do controle de poder nas mãos do congresso), isto é, contrário a qualquer tentativa de plebiscito (a favor de referendo quando muito).
Não fica claro que tipo de reformas ele defende, o que fica claro é que quaisquer que sejam, os detalhes não são da conta do povo.

As propostas de reformas do governo recém eleito de Dilma estão plenamente de acordo com as demandas atuais no mundo democrático.
Quem insiste em vociferar contra o governo democraticamente eleito e tenta atrelar ao PT termos como bolivarismo, ditadura ou comunismo, demonstra preguiça ou má intenção.
Aqui dois exemplos notórios:
1. Nestas eleições norte-americanas, além de eleger os candidatos, os eleitores também tomaram parte de mais de cem plebiscitos importantes;
2. Na Inglaterra foi recentemente aprovada a regulação da mídia, como já fizeram outros países desenvolvidos.

Olha, que visão desanimadora a plenária desse nosso senado... Saber que estamos à mercê de um congresso como esse...
É deprimente.

Não vai ser fácil.